
Metaverso: 5 passos para entender imóveis digitais e terrenos virtuais
Descrito como “a próxima fronteira da tecnologia” o Metaverso é o equivalente à chegada do homem à lua, só que no cenário digital. Embora ainda se saiba muito pouco sobre o impacto que a plataforma virtual terá sobre o mundo real, é certo que todos os setores serão influenciados pela mesma. Aliás, o segmento imobiliário já conta com um lugar de destaque no mundo Meta.
Confira abaixo os 5 principais pontos que você precisa seguir para entender terrenos virtuais, imóveis digitais e se vale a pena investir neles.
1- O Facebook virou Meta

Primeiramente, sabe o Facebook? Sim, aquela rede social que você usava para trocar likes, compartilhar imagens com frases motivacionais e cutucar alguém de vez em quando. Pois então, acontece que a plataforma despretensiosamente criada por estudantes de Harvard, no começo dos anos 2000, desde outubro de 2021 converteu-se para Meta, uma empresa de tecnologia social.
Embora Instagram, WhatsApp e o próprio Facebook sigam atendendo as demandas comunicacionais ao redor do mundo, as redes sociais não são mais a prioridade da empresa de Mark Zuckerberg. Quer dizer, não as redes sociais bidimensionais. A ideia do ambicioso protagonista de A Rede Social (2010) é revolucionar a internet e a forma como a usamos. O objetivo agora é apresentar às pessoas uma utilização imersiva, interativa e tridimensional do universo virtual.
Com esse grande plano em mente, Zuckerberg separou uma verba pra lá de generosa e investiu no novo projeto. Como resultado disso, novos empregos foram criados e o foco tornou-se o aperfeiçoamento de funções de realidade aumentada e virtual. Nesse processo, houve até mesmo um contrabando de engenheiros da Microsoft e Apple. Agora, contando com mais 68 mil funcionários ao redor do mundo e um valor de mercado bilionário (trilionário, se convertido em reais), o antigo Grupo Facebook busca novos mundos, literalmente, e o Metaverso é a chave.
2 – O que é o Metaverso?

Para entender um termo difícil, é sempre bom buscar a etimologia da palavra. Dito isso, “meta” é um substantivo grego que significa “além”. Já o nome “metaverso” apareceu pela primeira vez no ano de 1992, quando foi utilizado pelo escritor Neal Stephenson no livro Snow Crash. Mais tarde, o conceito foi explorado por Ernest Cline no romance Jogador Nº1 que, recentemente, ganhou uma adaptação cinematográfica pelas mãos de Steven Spielberg.
Graças a sua constante abordagem em distopias da ficção científica, o metaverso sempre pareceu algo intangível. Contudo, assim como dissemos acima, Mark Zuckerberg possui uma mente ambiciosa e decidiu trazer os mundos virtuais descritos nos livros, diretamente para nossa realidade.
A ideia é que o usuário do Metaverso possa criar um avatar (nome dado à versão digital da pessoa) para desfrutar de ambientes virtuais. Por exemplo, ir a parques, espetáculos, reuniões, fazer compras e realizar diversas atividades assim como no mundo real. Na teoria, é algo que propõe revolucionar a internet, mas na prática, o Metaverso segue sendo muito teórico.
Embora ninguém saiba ao certo como essa plataforma irá funcionar de fato, isso não foi o suficiente para impedir que, após o anúncio visionário de Zuckerberg, o Metaverso virasse uma febre. Desde então, gigantes globais como Nvidia, Microsoft, Apple, Epic Games, Samsung e muitos outros nomes, vem apostando suas fichas no projeto.
Porém, para nós do Adãoverso, o que de fato é surpreendente, é como o Metaverso já começou a impactar o mercado imobiliário através da compra e venda de terrenos e imóveis virtuais. Só para ilustrar, um levantamento realizado pela Bloomberg Intelligence, estima uma oportunidade de mercado de US$ 800 bilhões nesse cenário virtual.
3 – O que são imóveis digitais e como funcionam na prática

O sutil anúncio do Metaverso foi o suficiente para desencadear um aumento de quase nove vezes na venda de imóveis digitais. Segundo a MetaMetric, em novembro, o capital acumulado já era de US$ 133 milhões. No entanto, antes de falar sobre como funciona a negociação dessas propriedades, vamos imergir um pouco no conceito de imóveis digitais.
Em suma, como uma extensão do mundo real, o Metaverso possui elementos que remetem à nossa vivência do lado de fora da tela. Pois bem, dessa forma, ali encontramos atrações como shows, exposições, festas e afins. Além disso, a ideia é que o usuário da plataforma possa realizar compras, encontrar pessoas e ter os mais variados tipos de experiências imersivas que poderia ter na vida real. Sendo assim, para que isso aconteça, não podem faltar imóveis.
Espaços exclusivos em terras virtuais
Dessa forma, empresas já estão adquirindo terrenos para desenvolver seus empreendimentos. A Warner Music, por exemplo, declarou que pretende levar experiências de grandes artistas, como Bruno Mars, Cardi B e Dua Lipa para o Metaverso. Sem demora, foi anunciado que terrenos em torno do espaço da Warner estariam à venda a partir de março e serviriam como um camarote para aqueles que quisessem um maior contato com os artistas.
Na prática, esse processo de valorização dá-se da seguinte forma, no ano passado o rapper Snoop Dog comprou uns lotes no Metaverso. Pouco tempo depois, um usuário comprou um terreno para ser vizinho do artista e pagou R$2,5 milhões na época. Além disso, a plataforma já possui até um Fashion District, no qual marcas de luxo poderão alugar ou comprar um espaço para entrar na onda. Até mesmo a embaixada de Barbados anunciou a abertura de uma sede digital para prestar serviços virtuais assim que o Metaverso estiver finalizado e democratizado.
No fim, os imóveis digitais estão diretamente atrelados à experiência do usuário. Serão uma forma do mesmo expressar sua individualidade e aumentar seu status e conexões. E, nesse contexto, programadores e designers 3D serão os pedreiros do futuro, de acordo com Bruno Hora, cofundador da InvestSmart.
4 – Como acessar essa plataforma e adquirir imóveis

Embora você possa acessar o Metaverso sem nenhum hardware especial, para garantir imóveis digitais você precisaria trocar seu dinheiro por criptomoedas válidas na plataforma. Multinacionais como PwC, JP Morgan, HSBC e Samsung já compraram terrenos virtuais que pretendem desenvolver para diversos fins.
Já na hora da compra, até então, existem apenas quatro empresas que disponibilizam terrenos virtuais no Metaverso: Decentraland, The Sandbox, CryptoVoxels e Somnium Space. Assim como no caso das criptomoedas e NFTs, ao comprar um imóvel, o mesmo é transferido para sua carteira digital e você recebe um certificado de posse sobre o mesmo. Ainda vale dizer que, assim como no mercado imobiliário da vida real, no universo digital há revendedores terceirizados (sim, estamos falando de corretores).
Aos poucos a compra e venda de imóveis digitais vem ganhando força, assim como as demais atividades no Metaverso. Porém, desde já o mercado imobiliário virtual mostrou-se promissor. Em fevereiro, a CNBC divulgou que as vendas de imóveis daquelas quatro principais plataformas do metaverso atingiram US$ 501 milhões em 2021, de acordo com a MetaMetric Solutions. A estimativa para esse ano é que as transações alcancem o valor de US$ 1 bilhão.
5 – Mas, afinal, compensa investir em imóveis digitais?

Do investimento em colônias americanas à mineração de criptomoedas, costuma-se dizer que aqueles que chegam cedo têm maiores retornos. Embora isso não seja uma regra, já que todo risco deve ser levado em conta, o Metaverso já deu sinais favoráveis aos investidores. Veja bem, em pouco menos de um ano, o valor de um terreno digital no Decentraland ou Sandbox não chegava a US$ 1.000. Hoje está em torno de US$ 13.000.
No entanto, apesar de empolgante, esse investimento não deixa de ser especulativo. Segundo Robinson Silva, sócio da GRI Club, as experiências nesse cenário são muito embrionárias e inúmeras possibilidades devem surgir. Porém, fazendo um paralelo com o mundo real, empresas e pessoas físicas possuem três oportunidades óbvias de explorar o Metaverso Imobiliário:
- especulação imobiliária baseada na valorização (apostar no risco e esperar uma valorização futura);
- locação da terra virtual para uma empresa que não conseguiu comprar, mas tem interesse em alugar para desenvolver um negócio;
- e compra de um terreno virtual para criação de um negócio próprio.
No fim das contas, fica a critério de cada pessoa investir ou não no Metaverso. Porém, até o momento, a compra de imóveis digitais faz mais sentido para empresas e artistas que buscam uma auto-promoção. Já para pessoas comuns, ainda não faz sentido investir em casas digitais.
De toda forma, estima-se que os projetos envolvendo o Metaverso fiquem no papel pelos próximos 10 ou 15 anos. Portanto, ainda há tempo para decidir se vale a pena ou não investir no universo digital.
Fontes: Folha de S. Paulo, BBC News Brasil, Nerdologia, Estadão, Casa Vogue, CNBC, Estadão, Folha de S. Paulo.